quarta-feira, 11 de julho de 2012

Jogo de uma peça só


Eu bem que podia. Podia sim. Podia ter te ligado outro dia chamando pra ir ao show da banda que tocou no dia em que a gente se conheceu. Podia ter te contado que encontrei com um amigo seu na rua e que a gente falou de você, escondendo que fui eu que perguntei como vocês tinham se conhecido. Poderia te ligar perguntando o que você vai fazer hoje, num tom indiferente, quando, na verdade, estou implorando por dentro que você me chame pra sair.  Podia mandar uma mensagem toda vez que passasse perto da sua casa, porque aí quem sabe você não pede pra eu fazer uma visitinha? E a vontade que dá de te avisar toda vez que eu to na praia? Porque você mora tão pertinho da orla, de repente podia aparecer por ali, sem camisa, carregando sua cadeira, fazendo aquela cara enrugada, forçando os olhos, de como quem diz que o sol tá forte. Podia fazer tudo isso, mas sejamos francos:
De que adiantaria?
Só iria me proporcionar uma sensação prazerosa de “como foi bom” que duraria por, no máximo, uns dois dias. Só iria me satisfazer por uma noite e no dia seguinte eu ia ficar esperando, como uma otária, por uma ligação ou mensagem que fosse. Aí eu teria que fazer o papel de homem, vulgo garotinha apaixonada, que liga no dia seguinte. E ia ficar com aquela noite na cabeça pelo resto da semana com um gostinho de “quero mais”. O que me faria ficar esperando você notar que eu parei de puxar assunto, que já era a sua vez de perguntar “qual é a boa”, apesar de que eu acho que você já notou e só não quer continuar. Quem sabe daqui a um mês você não me procura como foi da outra vez?
Não sei se essa fase de revolta, que tem por sinônimo “fase do foda-se” vai durar. Se bem que eu já fiquei bêbada várias vezes e nem te liguei né? Ponto pra mim!
Mas, na verdade, acho que eu to começando a me tocar, como eu já comecei a me tocar tantas vezes. Como uma vez que um menino pediu meu telefone e eu disse que não daria. Fui sincera e disse que seria inútil, que ele não ia me ligar e nunca mais nos veríamos. Nossa, fiquei tão orgulhosa de mim. Então por que será que depois eu dei meu telefone pra tantos outros que nunca mais veria? Acho que é a esperança que parece que morre, mas fica nesse estilo bate e volta.
Mas sabe que eu até to feliz? Feliz de estar sem você, feliz de estar sem ninguém, feliz de não ter nenhum casinho que eu sei que não vai durar. Acho que eu cansei, assim como cansei tantas outras vezes e comecei um rolo com um menino, depois mais um e quando fui ver estava cercada por mil casinhos, toda animada. Porque eu gosto da conquista. Gosto da tensão de ver que você está lá, desejando que você venha falar comigo.  Gosto de passar pelos lugares que você frequenta pensando em possivelmente te encontrar. Gosto e gosto muito. Gosto e depois desgosto, gosto e depois enjoo. Assim como eu enjoo de tudo, assim como eu canso de tudo.
Sigo tentando me controlar, tentando não falar. Até que eu desista de desistir e volte atrás, volte a lutar e tentar ganhar nesse jogo que eu jogo sozinha. Nesse jogo que eu sempre perco. Esse jogo que você nem sabe que existe, esse jogo que você nem precisa saber ou jogar pra ganhar, pra me vencer, pra me ganhar.

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