domingo, 15 de julho de 2012

Tudo que eu queria te dizer


Escrevo alguns desses textos pra tentar colocar pra fora tudo que não tenho coragem pra te falar. É que eu queria te falar tanta coisa que nem sei por onde começar.
Bom, eu queria te dizer que eu tento, tento muito ser boa o suficiente pra você, mas eu não consigo. Parece que você é meu objeto inalcançável, como tentar pegar fumaça com as mãos, meu pote de ouro no fim do arco-íris e todas essas metáforas clichês unidas. Porque o mundo tem um milhão de mulheres mais bonitas, mais legais e mais gostosas que eu, então o que eu to querendo com tudo isso, não é mesmo? E eu sei que eu to conseguindo algum progresso, porque tem tanta gente me elogiando, me chamando de talentosa, disso e daquilo. Mas sua projeção é sempre demais pra mim, sempre exige muito de mim. Então por que será que eu acho que a gente combina tanto? Por que é que eu não consigo te imaginar com qualquer outra garota, assim como eu consigo imaginar todos os meus casinhos?
Acho que é aquela maldita foto que eu nunca canso de olhar. Lembra daquela foto? Foi na noite que a gente se encontrou por acaso depois que combinamos sem dizer nada que nunca mais iríamos nos ver, que era só uma noite e nunca mais. Eu estava toda apaixonadinha, toda feliz de estar andando com você pela festa de mãos dadas que quando vi, estava pedindo pra tirarem uma foto nossa.
Ah, é claro que você lembra, eu te mandei outro dia de madrugada, falando que tinha achado ela sem querer e você me ignorou, mais uma vez.  Se você soubesse desses textos descobriria que não achei sem querer e, na verdade, essa foto é quase o papel de parede do meu celular, de tanto que eu olho, mas eu só não coloco porque tenho medo de enjoar, se é que isso é possível. Mas é bom me surpreender de vez em quando, passar do nada pelas fotos e te ver ali do meu lado, sorrindo, abraçado comigo.
Queria te dizer que eu tenho muito medo de te falar as coisas. Tenho medo de você achar que eu sou tão louca quanto eu realmente sou. E eu já te falei tanta coisa que às vezes acho que posso te poupar um pouquinho de ser perturbado. Porque eu odeio me sentir um incômodo. Mas às vezes não consigo evitar, tenho que mandar alguma coisinha. Porque eu sempre vou querer mandar alguma coisinha, mesmo que não possa.
Às vezes eu só quero saber como você tá. Quero que você me conte todas as suas novidades, quero que você me conte as coisas, quero que você queira me contar qualquer coisa.  Só, pelo amor de Deus, fala comigo. Eu suplico, imploro que você fale comigo. Só não some assim da minha vida.
De repente eu quero falar sério com você, quero falar pra gente se acertar, ficar bem, quero falar isso tudo bem calminha, mas desisto só de pensar que você nunca vai querer nada comigo. E outras vezes eu mando alguma coisa engraçadinha, um trecho de alguma música cafona assim só por mandar, só pra fazer você lembrar que eu existo.
De vez em quando eu penso muitas vezes antes de te mandar pro inferno. Chego a digitar, mas apago, pensando que você vai embora pra não voltar. E eu quero que você volte sempre, mesmo que seja só me procurando às 3h da manhã. Volta e meia eu quero te culpar. É que eu odeio a forma como você destrói toda essa nossa história que eu criei na minha cabeça. Quero te chamar de idiota por não fazer nada do jeito que eu quero. Porque eu só queria que você fosse fofo pelo menos uma vez comigo, como todos os outros são pra depois serem escrotos. Mas você não, você já é escroto de cara e quando dá um sinalzinho de fofura, me deixa assim, toda apaixonada.
Minha amiga disse que eu não gosto de você, mas eu não sei ao certo. Acho que é esse meu vício em gostar de quem pisa em mim, gostar de quem me ignora, gostar de quem não quer nada comigo. De repente é so alguém aqui dentro criando romance onde não existe, fazendo história onde não tem.
É que eu olho esses casais andando pelas ruas nas tardes de domingo, levando o cachorro pra passear e queria tanto poder caminhar com alguém. Eu saio de casa e dou de cara com a minha vizinha, o namorado e o Chow Chow preto deles, tão felizes. Aí penso em como eu sou cafona, como eu queria passear com seu Golden Retriever pela rua, depois morar com você e nossos filhos numa casinha de cerquinha branca. Olho pra esses casais com uma imensa inveja e imagino o dia que vou poder andar com você e olhar pra essas garotas como eu. Não quero olhar como quem diz “esse é meu, eu consegui, sua otária”, mas com um olhar motivador, de como quem diz “Não desiste, insiste mais um pouco, aguenta firme, garota. E eu nem te garanto conseguir isso aqui, mas te garanto um poder de autoconhecimento muito maior nessa sua estrada. Você vai conseguir muito mais, confia em mim”.
Porque você adora me rasgar quando me ignora e eu não aguento mais isso. E eu já pensei em te falar tudo isso pra você sentir pena de mim e ficar comigo por pena. Porque antes eu era tão exigente e agora eu já estou sem critérios e adoraria que você ficasse comigo, não importa o motivo.
E quando eu escuto o toque do meu telefone resgato todos os resquícios de esperança da minha alma e vou correndo ver se é você. Quando vejo que não, mando um “até parece” pra ver se esse alguém aqui dentro se manca e acaba com esse romance.  Mas se é você é só comemoração, e você pode ter falado um “ai” e eu já quero mandar um milhão de coisas.
 E é engraçado como todas aqui dentro de mim discordam na maior parte do tempo. Eu falo pra mim mesma que já passei dessa fase e não quero nem saber de você, passo pela sua rua fazendo cara de indiferença, mas tem outra aqui dentro que fica te procurando em todos os lugares e outra mais psicótica que fica analisando com base em meus conhecimentos sobre você se você estaria passando por ali naquele horário.
Mas sabia que eu conheci um cara novo? Pois é, acho que esse é diferente, não sei. Mas ele parece estar a fim de mim. Tinha que ver, ia me levar num mirante outro dia e tudo mais. Ele é muito fofinho. Quem sabe eu não te deixo um pouco de lado e tento dar chance pra alguém né? Tenho que ter mais precaução. Não posso transformar todos em seus clones e criar expectativas pra vida inteira. Vou sentar com essas meninas e ter uma conversa séria. Vai ser uma reunião de Alines e eu vou tentar fazer todas calarem a boca pra ouvir alguma no fundo de mim que seja um pouquinho mais racional, porque eu não aguento mais machucar todas elas e elas já estão cansadas de sofrer.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Jogo de uma peça só


Eu bem que podia. Podia sim. Podia ter te ligado outro dia chamando pra ir ao show da banda que tocou no dia em que a gente se conheceu. Podia ter te contado que encontrei com um amigo seu na rua e que a gente falou de você, escondendo que fui eu que perguntei como vocês tinham se conhecido. Poderia te ligar perguntando o que você vai fazer hoje, num tom indiferente, quando, na verdade, estou implorando por dentro que você me chame pra sair.  Podia mandar uma mensagem toda vez que passasse perto da sua casa, porque aí quem sabe você não pede pra eu fazer uma visitinha? E a vontade que dá de te avisar toda vez que eu to na praia? Porque você mora tão pertinho da orla, de repente podia aparecer por ali, sem camisa, carregando sua cadeira, fazendo aquela cara enrugada, forçando os olhos, de como quem diz que o sol tá forte. Podia fazer tudo isso, mas sejamos francos:
De que adiantaria?
Só iria me proporcionar uma sensação prazerosa de “como foi bom” que duraria por, no máximo, uns dois dias. Só iria me satisfazer por uma noite e no dia seguinte eu ia ficar esperando, como uma otária, por uma ligação ou mensagem que fosse. Aí eu teria que fazer o papel de homem, vulgo garotinha apaixonada, que liga no dia seguinte. E ia ficar com aquela noite na cabeça pelo resto da semana com um gostinho de “quero mais”. O que me faria ficar esperando você notar que eu parei de puxar assunto, que já era a sua vez de perguntar “qual é a boa”, apesar de que eu acho que você já notou e só não quer continuar. Quem sabe daqui a um mês você não me procura como foi da outra vez?
Não sei se essa fase de revolta, que tem por sinônimo “fase do foda-se” vai durar. Se bem que eu já fiquei bêbada várias vezes e nem te liguei né? Ponto pra mim!
Mas, na verdade, acho que eu to começando a me tocar, como eu já comecei a me tocar tantas vezes. Como uma vez que um menino pediu meu telefone e eu disse que não daria. Fui sincera e disse que seria inútil, que ele não ia me ligar e nunca mais nos veríamos. Nossa, fiquei tão orgulhosa de mim. Então por que será que depois eu dei meu telefone pra tantos outros que nunca mais veria? Acho que é a esperança que parece que morre, mas fica nesse estilo bate e volta.
Mas sabe que eu até to feliz? Feliz de estar sem você, feliz de estar sem ninguém, feliz de não ter nenhum casinho que eu sei que não vai durar. Acho que eu cansei, assim como cansei tantas outras vezes e comecei um rolo com um menino, depois mais um e quando fui ver estava cercada por mil casinhos, toda animada. Porque eu gosto da conquista. Gosto da tensão de ver que você está lá, desejando que você venha falar comigo.  Gosto de passar pelos lugares que você frequenta pensando em possivelmente te encontrar. Gosto e gosto muito. Gosto e depois desgosto, gosto e depois enjoo. Assim como eu enjoo de tudo, assim como eu canso de tudo.
Sigo tentando me controlar, tentando não falar. Até que eu desista de desistir e volte atrás, volte a lutar e tentar ganhar nesse jogo que eu jogo sozinha. Nesse jogo que eu sempre perco. Esse jogo que você nem sabe que existe, esse jogo que você nem precisa saber ou jogar pra ganhar, pra me vencer, pra me ganhar.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O mundo não é feito de expectativas

Você estava lá deitadinha, inofensiva, sem fazer mal a ninguém, eu sei. E se qualquer outro ligasse você não iria. Mas era ele, logo ele. Sei que no mesmo dia você tinha falado pra sua amiga que por ele você largava todos os outros. Então você tratou de colocar sua melhor roupa e ir buscá-lo na boate que estava com os amigos. Fez suas piadinhas, ele bêbado, fofo, rindo, te beijando, cheio de carícias e é óbvio que você estava gostando. Foi bom? Maravilhoso! Então por que quando ele foi ao banheiro você ficou olhando pra vista do mar da janela do quarto dele pensando na droga do amanhã? Por que essa sua cabecinha oca não para de criar expectativas? Se você sabia que ia ser assim, sabia que ia ser só isso, sabia desde que saiu de casa e pegou o táxi às 3h da manhã, por que você está pensando no que vai acontecer depois? Pensar só te faz mal. E quando ele te viu ali e riu, você perguntou o que houve e ele disse “nada”. Eu sei que você queria que ele explicasse, dizendo “é que você tá linda aí” ou então que dissesse “você, mongoloide aí parada”, qualquer coisa era melhor do que o nada. Mas parou no nada e era nada mesmo. E foi aí que você entendeu. Não entendeu? É isso mesmo que você está pensando agora. Você não precisa da droga do romance que só serve pra foder com a nossa vida. Não precisa ficar olhando o telefone o dia inteiro esperando ele dar sinal de vida. Vá se divertir, se permitir, vai ser feliz. E se ele ligar, pode ir, vai, eu deixo. Mas sem se desesperar. Vai com calma, vai fundo, vai sem medo. Sem medo de sofrer depois, sem medo de se machucar. Porque quando você estava voltando não viu o dia lindo que estava nascendo só pra você sorrir? Só pra te mostrar que a vida é isso e a gente tem que viver sem medo de se aventurar? Presta atenção, garota. Não precisa derramar lágrimas e lágrimas pelo que você nem sabe se vai acontecer. É um passo após o outro e um dia de cada vez, confia em mim.