Lavava seus longos
cabelos como se escoasse a culpa, a angústia e os demais males que lhe
torturavam. A água que banhava seu corpo fundia-se às lágrimas que escorriam
dos seus olhos, purificando sua alma. Precisava matar o que a matava, ainda que
morresse de amores, mas não decidia nada, a ressaca que infernizava a cabeça e
o estômago a impedia de raciocinar a respeito do que fazer. Como sobreviveria
em um mundo estando sempre sóbria? Como aturaria aquelas pessoas tão normais?
Afastava aquela lucidez que proibia um mundo atraente, completo, mais feliz,
repleto de possibilidades. O que havia de errado com ela? "O que eu estou
fazendo?", e também "como eu sou exagerada", "como eu sou
patética". Os amigos a definiam como "a pessoa mais louca que eu
conheço", mas ela acreditava que "a pessoa mais patética que eu já
conheci" era a melhor definição. E exageros eram as melhores maravilhas do
universo, em sua opinião,"quanto mais, melhor". Era jovem demais pra
parar e livre demais pra não se perder. E medo era uma palavra não muito
constante em seu vocabulário, por essa razão costumava se arrepender de todas
as bobagens que sempre cometia. A opinião dos demais era o que parecia menos
importar, sem sombra de dúvidas, mas toda aquela culpa - ah, a culpa - que
carregava em seu peito por tanto tentar ser feliz a dilacerava por dentro. Como
explicaria aos amigos - aqueles companheiros de noitadas, ouvintes de
confissões, aliados de bebedeiras e tantas outras coisas - que havia parado
efetivamente? Como explicaria a si que havia parado, quando vez ou outra
passasse no barzinho e se deparasse com os amigos bebendo "aquela
cervejinha"? E resistiria? Será que resistiria? Porque era fraca, como era
fraca, e sabia que era a pessoa mais sem graça do universo sem influência
etílica. Seus pais ficariam aliviados, definitivamente, mas ela perderia todo
aquele alívio da fuga da clareza da realidade. E sofria, como sofria, sem saber
porque, acreditando que só acabaria com esse sofrimento quando sua vida
acabasse. Até cogitava suicídio, mas acabava por adiar, como sempre fazia com
tudo," o destino é sensato e sabe o que faz, vai resolver isso por
mim". Mas aí pensava em um futuro não muito distante que estaria perdendo,
todos os lugares que desejava conhecer eram o escape imaginário para sua dor e
nas histórias que contaria aos seus filhos antes de dormir sobre suas farras e
já vibrava imaginando a reação deles, implorando por mais histórias e
histórias. Estava prestes a tomar a decisão mais trabalhosa da sua vida, iria
requerer um esforço surreal e certamente ficaria chateada se descobrisse que
precisa da bebida pra se divertir. "Alcoólatra? Eu? Não, imagina, só to
aproveitando a vida". Mas essa forma de aproveitar já havia causado mal em
excesso. Será que assim poderia piorar? Ou melhor, pior do que estava será que
dá pra ficar?
Caraca amiga, ta falando de quem?
ResponderExcluirhahahaha baseado na amiguinha
ResponderExcluirJá disse uma vez o Titã Sérgio Brito:
ResponderExcluir“Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...”
Nossa vida é feita de decisões. A cada segundo que passa, tomamos decisões que mudam nossas vidas, seja da escolha mais simples, como a roupa que usar, até a mais complicada de todas que varia de cada pessoa...
Muitas vezes agimos por impulso, achando que vamos fazer a coisa certa... E acabamos errando, mas isso faz parte da vida de todo ser deste planeta!
O que nos diferencia de muitos animais é a capacidade de reconhecermos nossos erros, e tiramos sempre um aprendizado deles.
A canção acima, Epitáfio, está certa! Mas precisamos interpretar ela de forma correta. Não podemos viver nos perguntando do “Se”. Precisamos ter nossos momentos de reflexão sim, mas sabendo que a vida segue.
Se “caímos” uma vez, é para que possamos nos levantar e continuar a viver!
“The Show Must Go On!”, “Live And Let Die!”, “Don’t Stop Me Now!”